INFLUÊNCIAS DE POSSIBILIDADES GENÉTICAS DINÂMICO-MENTAIS
Série
TRIBUTOS À HUMANIDADE
Prof. Dr. Mário Carabajal*
BASES DA DINÂMICA MENTAL RESULTANTE DE MODELOS MENTAIS ADQUIRIDOS E HERDADOS GENETICAMENTE
A mente humana é uma complexa rede de processos interconectados, onde modelos mentais atuam como estruturas cognitivas essenciais que moldam a percepção e interpretação do mundo. A “dinâmica mental” que emerge desses modelos é um reflexo das interações entre nossa biologia, experiências, e as representações cognitivas que utilizamos para tomar decisões e solucionar problemas. Sob uma perspectiva neurocientífica, modelos mentais não apenas se desenvolvem ao longo da vida com base em experiências pessoais, mas também podem ser influenciados geneticamente, de forma que nossa carga hereditária não se limita aos traços físicos — como cor da pele ou dos olhos — mas também engloba predisposições cognitivas e emocionais.
1. Pensamento Probabilístico: Estruturando Decisões com Base em Probabilidades
O pensamento probabilístico é um modelo mental baseado na avaliação de probabilidades, sendo vital para a tomada de decisões em cenários de incerteza. Esta forma de pensamento exige que, ao invés de se basear em certezas absolutas, o indivíduo considere a probabilidade de múltiplos desfechos. A neurociência sugere que a habilidade de avaliar probabilidades está associada a circuitos no córtex pré-frontal, que desempenham um papel na antecipação e na avaliação de riscos. Além disso, esse tipo de raciocínio pode ter raízes evolutivas, uma vez que a sobrevivência de nossos ancestrais dependia de uma leitura precisa de situações incertas, como a detecção de perigos no ambiente.
A Dinâmica Mental de pré-disposições genéticas estruturais, herdadas, se evidencia como possibilidade real observável nos seres. Particularmente, com olhar apurado cientifico, impressionei-me com essa perspectiva em minha esposa, Dinalva, ao conhecê-la. Jovem, com 19 anos, atuava no mercado financeiro com facilidade ímpar, com contas em aproximados 15 bancos, desenvolvia operações complexas, sem, a priori, há época, cursos de gestão financeira e de investimentos. Para a sua idade, considerei um tanto superior às jovens de sua de seu tempo. Logo, de possibilidades hereditárias genéticas, pela comprovada competência comercial, matemática e de resolução de problemas complexos de seu pai, hoje, meu sogro, Manuel Barbosa. Nos dias atuais, com formação superior e mais experiências, Dinalva atua, entre outras atividades, na bolsa de valores internacional, de exigência de raciocínios e deliberações com extrema rapidez, ainda com mais domínio e facilidades, mantendo a pureza, simplicidade e dedicação exemplar aos nossos filhos, Dimarrye (7 anos) e Mário Carabajal Júnior (4 anos).
Aspectos-chave do Pensamento Probabilístico
1. Análise de Probabilidades: Estimar a chance de diferentes resultados com base em dados e experiências passadas. Neurocientificamente, o córtex pré-frontal e as áreas responsáveis pela memória de trabalho permitem a rápida análise de variáveis complexas, essencial para calcular probabilidades e prever possíveis cenários.
2. Consideração de Múltiplos Cenários: Avaliar diversas possibilidades permite que o cérebro crie “simulações mentais”, um processo relacionado ao hipocampo e ao córtex frontal, regiões cerebrais que permitem “testar” mentalmente diferentes realidades.
3. Avaliação de Riscos e Benefícios: Pesar ganhos e perdas é fundamental para o pensamento probabilístico. A amígdala, estrutura cerebral relacionada às emoções, é ativada ao se considerar riscos, enquanto o córtex pré-frontal equilibra essa resposta, permitindo que escolhas racionais prevaleçam sobre reações emocionais imediatas.
4. Superação do Viés da Certeza: O cérebro tende a buscar previsibilidade para evitar estados de estresse. Superar o viés da certeza exige reeducação cognitiva, sendo um desafio devido a mecanismos cerebrais profundos que evoluíram para a autopreservação. Contudo, essa flexibilidade mental pode ser aprimorada com treinamento adequado, como a prática de cenários hipotéticos.
Estudos recentes indicam que a prática do pensamento probabilístico é frequentemente prejudicada por vieses cognitivos, como o excesso de confiança e a falsa equiprobabilidade. Esses vieses, apontados por estudos neurocientíficos como possíveis efeitos de redes neurais reforçadas por experiências passadas, mostram como hábitos e a herança genética podem afetar a clareza de raciocínio. Pesquisas sugerem que algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para o pensamento probabilístico, o que contribui para o desenvolvimento de uma visão mais crítica e flexível da realidade.
2. Pensamento de Segunda Ordem: Antecipando Efeitos em Cadeia
O pensamento de segunda ordem vai além da análise imediata e procura prever efeitos subsequentes de uma decisão, levando em conta os impactos futuros e as interações em cadeia. Neurocientificamente, essa abordagem envolve circuitos neuronais que interconectam o córtex pré-frontal com o sistema límbico, especialmente o hipocampo, responsável pela memória e pela projeção de cenários futuros. O pensamento de segunda ordem também pode ter componentes genéticos, uma vez que a capacidade de antecipação está relacionada a habilidades cognitivas complexas, que algumas pesquisas indicam serem parcialmente herdáveis.
Elementos Fundamentais do Pensamento de Segunda Ordem
1. Análise de Impacto a Longo Prazo: Considerar as consequências a longo prazo requer a ativação de redes neurais de memória e projeção. Pesquisas apontam que indivíduos com maior conectividade entre o córtex pré-frontal e o hipocampo têm mais facilidade em desenvolver cenários futuros, facilitando a tomada de decisões que envolvam impactos de segunda ordem.
2. Reconhecimento de Efeitos em Cadeia: A compreensão das reações em cadeia de uma decisão está associada a uma habilidade cognitiva de alto nível, que envolve a interconexão de informações e a capacidade de antecipar respostas. O córtex parietal contribui na análise dessas interações, permitindo que o cérebro conceba as interdependências entre diferentes elementos de uma situação.
3. Interações Sistêmicas: A habilidade de entender como os elementos de um sistema respondem a uma decisão revela um conhecimento sofisticado do funcionamento de sistemas complexos. Esse processo, observado em contextos como sistemas sociais ou ecológicos, depende de uma visão abrangente que pode ter componentes hereditários, dado que predisposições para a organização e a análise sistêmica frequentemente são vistas como características familiares.
Exemplo: Ao contratar funcionários, uma organização pode atender à sua necessidade imediata de pessoal (efeito de primeira ordem), mas considerar as consequências de longo prazo, como o impacto no desempenho e na cultura organizacional, demanda uma visão de segunda ordem. Tal habilidade não só evita erros de curto prazo, mas também pode ser reforçada por predisposições genéticas para a análise detalhada e o planejamento estratégico.
Hereditariedade e Modelos Mentais: Predisposições Cognitivas Herdáveis
Ao analisarmos modelos mentais sob a ótica genética, vemos que as predisposições cognitivas, assim como características físicas, podem ser herdadas e aprimoradas ao longo das gerações. A neurociência sugere que certos padrões de pensamento, como a análise crítica e a projeção de cenários futuros, podem ter uma base biológica que se manifesta como traços de personalidade ou habilidades cognitivas herdadas.
Por exemplo, uma pesquisa no campo da genética comportamental indica que características como flexibilidade cognitiva, capacidade de antecipação e tendência a considerar riscos podem ter uma base genética. Essas características influenciam o uso eficaz de modelos mentais como o pensamento probabilístico e o pensamento de segunda ordem. A herança genética também se manifesta em traços como a resiliência e a capacidade de lidar com a incerteza, que contribuem para o desenvolvimento de uma dinâmica mental mais robusta.
Aplicando Modelos Mentais para uma Dinâmica Mental Eficaz
A integração de modelos mentais na tomada de decisões diárias requer treinamento contínuo, mas a própria estrutura do cérebro humano permite a formação e a adaptação desses modelos. Ao fortalecer as redes neurais associadas ao pensamento probabilístico e de segunda ordem, promovemos a neuroplasticidade e tornamo-nos mais aptos a superar vieses e melhorar a eficácia das decisões.
Assim, ao entendermos os modelos mentais como partes integradas da dinâmica mental, vemos como esses processos nos permitem navegar pela complexidade do mundo, não só com base em experiências individuais, mas também como resultado de predisposições herdadas e de nossa capacidade neurobiológica de adaptação. Compreender que esses modelos não são meras construções culturais, mas estruturas com raízes neurogenéticas, abre uma perspectiva sobre como a cognição humana continua evoluindo em resposta ao ambiente e às experiências ao longo das gerações.
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*Prof. Dr. Mário Carabajal ), Educador Físico (UFAM); Professor Federal. Escritor e Jornalista. Cineasta (AICRJ). Especialista em Pesquisa Cientifica (UFRR); Mestre em Psicossomatologia/ Psicanálise (ESPCRJ); Mestre em Relações Internacionais (UAA); Doutor em Psiconeurofisiologia (ESPCRJ); Doutor em Ciências Educacionais (UAA); Ex-Consultor do Ministério da Saúde (Departamento de Doenças Crônico-degenerativas); Unicamp (Departamento de Motricidade Humana – Ex-Dir. Antônia Dalla Pria Bankoff). Ex-Consultor do Ministério Extraordinário dos Esportes (Dep. Exercício Físico e Saúde. Ex-Professor de Pós-graduação ‘Universidade Gama Filho/RJ – FACETEN/RR, em: Fosioterapia; Neurocognição; Bases Neurocientíficas do Comportamento Humano e da Aprendizagem; Psicomotricidade Humana; Clinica I e Clinica II. Comendador, Crítico Literário, Critico de Cinema. Diretor Presidente/ MarDin Filmes Copacabana. Presidente Fundador/ Academia de Letras do Brasil ‘Da Ordem de Platão’. Indicado à Academia Suéca para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura/2023.