ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL - ALB

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL
 
CENTRO DE FORMAÇÃO SUPERIOR IBERO-AMERICANO
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LITERATURA NO BRASIL
1500 à 2008

Parte I

Prof. Dr. Mário Carabajal* – Ph.D.

As primeiras academias de letras no Brasil foram:

Academia Brasílica dos Esquecidos, fundada em 1724;
Academia dos Seletos, fundada em 1752;
Academia Brasílica dos Renascidos, fundada em 1759.

Os escritores brasileiros, através das academias, objetivavam encontrar uma vertente literária própria, com identidade fixada na realidade dos problemas e da vida na América portuguesa.

As academias reuniam a elite culta da época, discutindo meios, soluções e perspectivas à evolução social, econômica, a partir do profundo conhecimento das múltiplas tendências segmentárias influenciadas pelas culturas dos nossos colonizadores.

CRONOLOGIA EVOLUCIONAL DA LITERATURA NO BRASIL

Século XVI
Os primeiros registros de atividade escrita no  Brasil não são  obras literárias, e sim textos informativos sobre a “nova terra”. São crônicas históricas como a Carta ao Rei Dom Manuel, de Pero Vaz de Caminha: o Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a Que Vulgarmente Chamamos Brasil, de Pero Magalhães Gândavo; o Tratado descritivo do Brasil,  de Gabriel Soares de Sousa; e o Diálogo sobre a Conversão dos Gentios, composto entre 1556 e 1558 pelo padre Manoel da Nóbrega. Destacam-se também o teatro e os poemas do padre José de Anchieta.

Século XVII
Sob a influência da Contra-Reforma, a estética barroca tenta conciliar opostos, como Deus e o Diabo, bem e mal, carne e espírito, pecado e arrependimento. Na literatura, o conflito se traduz em figuras de oposição, bem como no exagero e no estilo  sinuoso. Esse movimento corresponde ao nascimento da literatura brasileira. O marco inicial é o poema  épico Prosopopéia(1601), de Bento Teixeira. Mas   é Gregório de Matos o maior representante do gênero. Sua poesia, bastante influenciada por Camões, Gôngora e Quevedo, se subdivide em lírica amorosa, reflexiva e religiosa. No gênero satírico, Gregório de Matos não poupa ninguém de suas críticas, ficando por isto conhecido como “Boca do Inferno’. Na prosa, destacam-se os sermões do padre Antonio Vieira(Sermão de Santo Antonio ou dos Peixes).

Século XVIII
neoclassicismo se coloca contra os excessos formais do barroco e tenta retomar os valores desenvolvidos no classicismo. Reflete a aversão do espírito iluminista ao obscurantismo religioso do século anterior. Já o termo arcadismo, também atribuído a esse movimento literário, se deve ao bucolismo e ao pastoralismo de muitos poetas do período, que adotavam pseudônimos de pastores para assinar seus poemas. O marco do arcadismo no Brasil é a publicação, 1768, de Obras   Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Influenciado pelo iluminismo, ele participa da Inconfidência Mineira ao lado dos poetas Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga. Este, além de Iras, reunidas em Marília de Dirceu, escreve também poesia satírica, como Cartas Chilenas. No gênero épico destacam-se José Basílio da Gama (O Uruguai) e frei José de Santa Rita   Durão(Caramuru). Nessa época, academias literárias reúnem escritores e intelectuais.

Século XIX
A saturação dos modelos neoclássicos e a necessidade de uma literatura que expresse o país independente resultam no florescimento do romantismo. O marco inicial do movimento é a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. O ideal romântico do nacionalismo é expresso pelos indianistas, dos quais se destaca o poeta Gonçalves Dias (Primeiros Cantos). O individualismo é representado pela geração ultra-romântica- Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo-, influenciada pelo poeta inglês Lord Byron. O principal nome da poesia condoreira, que se caracteriza pela grandiloqüência e pelo uso de antíteses e hipérboles, é Castro Alves (Espumas Flutuantes), conhecido como o poeta dos escravos. Considerado o fundador do romance nacional, José de Alencar é o autor de narrativas indianistas (O Guarani), históricas (As Minas de Prata), urbanas (Lucíola) e regionalistas (O Gaúcho).

 Século XX(segunda metade)
O esgotamento da literatura romântica, que se alimentava de uma visão idealizadora da realidade, conduz à consagração do realismo. Influenciado por um cientificismo em voga na época , o movimento busca a descrição objetiva da realidade. O maior escritor do período é Machado de Assis. Sua carreira costuma ser dividida em fase de aprendizagem, na qual existem resquícios do romantismo, como nos romances Ressurreição, A Mão e a Luva e Helena; e fase de maturidade, em que desenvolve o realismo de penetração psicológica, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.
* O naturalismo é mais radical, pois considera o homem fruto do   meio em que vive e leva a observação ao nível da minúcia, em sua ânsia de descrever cientificamente a realidade. O principal representante dessa tendência no Brasil é Aluísio de Azevedo, autor de O Mulato e O Cortiço. Raul Pompéia cria em O Ateneu um estilo híbrido, realista com traços naturalistas, incorporando também elementos vagos e sugestivos, característicos do impressionismo, e a descrição grosseira e caricatural do expressionismo.
* Ao mesmo tempo que o realismo é a principal tendência da prosa, surgem duas correntes na poesia: o parnasianismo e o simbolismo. O parnasianismo propõe  o ideal da arte pela arte, criando uma poesia descritiva, em que sobressaem o rigor formal e o gosto por temas clássicos. No Brasil, o movimento ganha a cena literária a partir da década de 1880 e nela permanece até o começo do século XX. Seus maiores expoentes são Alberto de Oliveira (Meridionais), Raimundo Correia (Sinfonias) e Olavo Bilac (Poesias). O simbolismo tem início com a publicação , 1893, de Missa. (poemas em prosa) e de Broquéis de Cruz e Souza. O movimento preocupa-se não em descrever objetivamente, mas em sugerir. Por isso seus poemas parecem vagos, feitos de imagens que se originam no sonho, na intuição, nas camadas mais profundas do inconsciente. Os versos possuem grande musicalidade. Outro poeta simbolista de destaque é Alphonsus de Guimaraens (Dona Mística).

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* Presidente Fundador do Conalb – Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil e ALB – 23 livros publicados e trinta em fase de revisão. Jornalista, Educador Físico e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica, Tecnologia Educacional e Psicossomatologia. Mestre em Psicanálise Clínica e Doutor em Psiconeurofisiologia. Estudante de Especialização em Controle da Gestão Pública/Ufsc e de Neurociências/Edumed/RJ. Estudante de Mestrado e Doutorado em Relações Internacionais/UAA. Professor de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho.

 LITERATURA NO BRASIL
1500 à 2008

Parte II

Prof. Dr. Mário Carabajal* – Ph.D.

1900-1922
Os modelos  parnasianos e simbolistas estão desgastados, mas não há nova proposta estética, que só surge com o modernismo, em 1922. O pré-modernismo é considerado um período de transição, em que prevalece a preocupação em entender a realidade brasileira. Desenvolve-se, então, o regionalismo, que aparece ainda no século XIX com José de Alencar, Franklin Távora e Bernardo Guimarães, e se caracteriza pela descrição pitoresca dos costumes do interior. Simões Lopes Neto, Valdomiro Silveira e Afonso Arinos estão entre os principais nomes dessa tendência, mas o destaque fica com Monteiro Lobato, autor de Urupês e Cidades Mortas, que se   volta, em seus contos, para o cotidiano do caipira. Ele também é muito conhecido pelas histórias infantis do Sítio do Picapau Amarelo. Lima Barreto transpõe para seus romances a vida dos subúrbios cariocas, numa linguagem que se distancia da influência parnasiana. Euclides da Cunha relata a Guerra de Canudos no monumental trabalho Os Sertões. Sobressai ainda a obra original de Augusto dos Anjos(eu), que traz para o universo da poesia o vocabulário científico e a escatologia característicos do naturalismo.

1922-1930
O evento que marca o início do modernismo no Brasil  é a Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo. Influenciados pelas vanguardas européias, os modernistas promovem uma revolução estética baseada principalmente no verso livre, na incorporação poética do cotidiano na utilização de uma linguagem telegráfica, fragmentada, com elementos extraídos da oralidade e do coloquialismo. Seus expoentes são Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. Destacam-se ainda os escritores Menotti del Picchia e Cassiano Ricardo(do grupo Verde-Amarelo), Raul Bopp e Alcântara Machado.

1930-1945
Quando as conquistas modernistas já estavam incorporadas  aos padrões estéticos nacionais, a geração de 30 volta-se para a denúncia de problemas sociais, dando origem ao movimento conhecido por neo-realismo de 30. Romancistas como Graciliano Ramos, autor de Vidas Secas; José Lins do Rego, de Fogo Morto; Rachel de Queiroz, de O Quinze; e Jorge Amado, de O País do Carnaval, tratam em suas obras da seca, da vida miserável nordestina, da exploração e do desajuste social e psicológico. Érico Veríssimo escreve, nesse período, romances urbanos, entre eles Clarissa, e Olhai os Lírios dos Campos. Na poesia, a tendência é  de retorno a um texto de contornos místicos, religiosos e sugestivos que lembram certos aspectos do romantismo e do simbolismo. Os principais poetas são Jorge de Lima, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e Augusto Frederico Schmidt. Mário Quintana segue essa tendência até a década de 90. Carlos Drummond de Andrade, um dos mais importantes poetas brasileiros realiza uma síntese entre racionalismo e lirismo, revolta e conformismo, angústia e humor.

1945-1968
A literatura brasileira apresenta uma tendência ao experimentalismo lingüístico. João Guimarães Rosas, autor de Sagarana e Grandes Sertões Veredas, desenvolve um regionalismo universalista. João Cabral de Melo Neto trata da problemática social em Morte e Vida Severina e produz uma poesia em que sobressaem o rigor formal e a  contenção, sem prejuízo do lirismo, em obras como A Educação pela Pedra. Clarice Lispector(Pero do coração Selvagem e Laços de Família) volta-se para a realidade psicológica dos personagens, revelando influência do existencialismo e estabelecendo as técnicas do fluxo de consciência. também na linha do romance psicológico estão a literatura de Cornélio Pena( A Menina Morta) e de Lúcio Cardoso(Crônica da Casa Assassinada). Na década de 50 surge a poesia concreta, movimento de vanguarda criado pelos poetas Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. Ela se opõe ao formalismo da geração de 45. ao impor uma atitude mais parecida com a dos modernistas de 22,na medida em que propõe a destruição do verso e a exploração inovadora dos espaços da página. Rivalizando com o grupo concretista surge, em 1962, a Poesia Práxis, de Mário Chamie.

Década de 60 e 70
A situação política do país, com seus sucessivos governos militares e a censura, fortalece os romances-reportagens como os de José Louzeiro, e as obras que têm como pano de fundo a realidade brasileira, com Quarup, de Antonio Callado. São também retratos da época livros como Zero, de Inácio Loyola Brandão, e A Festa, de Ivan Ângelo. Outro autor importante é Raduan Nassar, com sua linguagem apurada. Lígia Fagundes Telles publica contos e romances de grande penetração psicológica. Na linha dos romances intimistas, sobressaem  a narrativa refinada de Autran Dourado (Sinos de Agonia) e o complexo trabalho estilístico de Osman Lins (Avalovara). Os contos de Dalton Trevisan misturam o grotesco ao banal. Pedro Nava destaca-se como memorialista. Ferreira Gullar, que se distanciara da poesia concreta, continua a produzir sua poesia participante. A partir do final dos anos 70 surge a chamada geração mimeógrafo, criadores de uma poesia anárquica, satírica e coloquial. Seus principais nomes são Ana Cristina César e Cacaso.

Década de 80
O período conhecido por  pós-modernidade tem como característica marcante a heterogeneidade – pluralidade de vozes, de estilos, de gêneros e de visões de mundo. No Brasil, a chamada geração de 80 é marcada pelo desencanto em relação aos ideais de engajamento social e político da década de 70. Caracteriza-se pela temática predominantemente urbana, com ênfase nos estilos pessoais e na exploração de novas técnicas narrativas.

1980-1985
No gênero policial, Rubem Fonseca explora os resultados psíquicos, sociais e  estéticos da violência urbana. Sobretudo em A Grande Arte (1983). Hilda Hilst trabalha temas metafísicos, privilegiando a exploração do universo sexual e a utilização do fluxo de consciência em poesia e prosa poética. Nas obras de João Gilberto Noll (A Fúria do Corpo), a sexualidade vem acompanhada de um clima pesado de delírio. Caio Fernando Abreu dedica-se ao romance urbano de inflexões intimistas. João Ubaldo Ribeiro investiga a história da identidade brasileira em Viva o Povo  Brasileiro (1984). Do mesmo ano é o romance de de Nelida Piñon, A República dos Sonhos, que aborda as aventuras de imigrantes no Brasil. Na poesia, José Paulo Paes, Haroldo de Campos e Paulo Leminski continuam a explorar técnicas inspiradas no concretismo. ganha destaque a  poesia de Adélia Prado, que trabalha o universo feminino e cotidiano.

1986-1989
Ana Miranda lança o romance Boca do Inferno, sobre a vida de Gregório de Matos. No romance intimista destaca-se o livro de estréia de Milton Hatoum, Relato de um Certo Oriente. Josué Montello privilegia o universo maranhense em narrativas históricas. Nesse período torna-se mais conhecida a poesia de Manuel Barros (publicada em1990), cujo apurado trabalho estilístico se volta para os temas ligados à região do Pantanal. Também é importante a obra reflexiva e matalingüística da poesia Orides Fontela.

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* Presidente Fundador do Conalb – Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil e ALB – 23 livros publicados e trinta em fase de revisão. Jornalista, Educador Físico e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica, Tecnologia Educacional e Psicossomatologia. Mestre em Psicanálise Clínica e Doutor em Psiconeurofisiologia. Estudante de Especialização em Controle da Gestão Pública/Ufsc e de Neurociências/Edumed/RJ. Estudante de Mestrado e Doutorado em Relações Internacionais/UAA. Professor de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho.

 LITERATURA NO BRASIL
1500 à 2008

Parte III

Prof. Dr. Mário Carabajal – Ph.D.

LITERATURA PÓS-MODERNA

Mário Carabajal*

Participam ativamente da Literatura Atual, jornalistas, escritores, cientistas políticos, e sociais, compositores, poetas e populações.

Os jornalistas escrevem diariamente. Buscam esclarecimentos e dividem com a população os resultados, elevando a consciência pública nacional.
A literatura atual encontra um componente exponencial no jornalismo ativo – de postura crítica e construtiva a uma seleção e apuração dos processos democratizadores. Sua literatura provoca reações e mudanças imediatas, com grande repercussão, atingindo grandes massas populacionais. Encontra-se nos jornais, revistas, rádios, televisões…

Os escritores, de igual importância, participam da literatura atual através de seus livros. Sobretudo àqueles que interagem com as populações utilizando a grande mídia, por artigos em jornais ou revistas. Colocam-se assim, nas bases da literatura atual, de forma ativa e operante. Seus artigos políticos, sociais, econômicos, e dos demais segmentos, quando fundados na verdade, evidenciam posturas positivas e negativas da vida, contribuindo para a evolução humana, em igualdade e direitos.

A literatura, concebida em livros, têm o poder transformador de minorias e a longuíssimos prazos. Contudo, dentre as minorias a quem atingem, estão atuais e futuros governantes, podendo ganhar implementação imediata ou, influenciar a organização social de futuras gerações. Se artigos provocam, na mesma razão dos jornalistas, grandes discussões em seu próprio tempo, exigindo posicionamentos e influenciando as minorias que lêem. Eventualmente, por força de suas propostas e pensamentos, como uma forte corrente, forma grandes elos, aglutinando interesses, traduzindo-se em mudanças comportamentais.

Os pesquisadores, cientistas políticos e sociais, com mais objetividade, porém com respostas a longos prazos, recriam e reconstroem sistemicamente os ideais de integração entre a natureza, as ciências e as tecnologias, alimentando as gestões públicas e particulares, para a finalidade conjunta evolutiva, viável e de implementação dependente da sensibilização da gestão pública e privada.

Muito comum, como ocorre entre os jornalistas e escritores, inventam-se ciências, atendendo a interesses econômicos e políticos. Estas correntes, não são tidas como Literatura Atual, mas Contra-literatura. Àquela que se opõe ou distorce os ideais intrínsecos à literatura. A qual interage sobre os grandes males da organização político administrativa, evidenciando e apresentando soluções às distorções das gestões públicas. Sistemicamente apresentam planos e projetos à evolução humana em todos os segmentos de suas estruturas organizacionais.

Sobre os compositores e poetas de todos os tempos, acentuando-se ainda mais na Literatura Atual, recai responsabilidades sobre significativas parcelas dos desvios comportamentais da juventude, refletindo em suas vidas adultas, com complexas repercussões familiares, sociais e profissionais.

Entendamos a poesia e a composição, como componentes terapêuticos de vazão média das tensões latentes, sublimadas e literoterapeuticamente traduzidas. Assim, muitas letras que se farão músicas, e poesias que ganharão difusão social, mas sobretudo a primeira, pode resultar como extensão de experiências desaconselháveis a adoção coletiva. Ou, refletirem distorções de repressões não trabalhadas suficientemente, lançando errôneos conceitos e condutas à assimilação das massas. Fundamentalmente dos adolescentes.

Na música atual, encontramos componentes fortíssimos da Contra-literatura, resultando em material ativo Contra-educacional. Chamados à bebida, drogas e perversão, são algumas entre tantas distorções advindas deste segmento. Chamados tremendamente comprometedores, por se fazerem em grandes escalas, de adoção comportamental e assimilativa imediata pelos meios de identificação e mais lentos pelos meios passivos. Encontram difusão fácil e lucros econômicos incentivadores. Seus produtores e autores, confundem-se, por suas contra-evolutivas criações serem aceitas e adotadas, tornando-se um círculo vicioso, crescente, esmagador e de difíceis reversões, devido a distorção proporcionada pela má interpretação e utilização da chamada liberdade de expressão.

Há os bons e maus conscientes. Àqueles que encontram suas motivações exclusivamente nos lucros econômicos, indiferentes aos resultados das influências que exercem, e os que não se deixam afetar pelas promessas do capital, mantendo posturas éticas e ideais, traduzidas em letras construtivas da personalidade e de traços indispensáveis ao evoluir em sociedade.

A poesia, de origem pessoal e também tradutora de conflitos do seu autor com os meios ao qual interage, acentuam-se transliterações de reações áxio-catéxicas de profundas raízes originais de assimilação de conceitos. Dessa forma, regulam as freqüências das pulsões concorrentes entre os diversos valores que consciente ou inconscientemente, espontânea ou objetivamente, são assimilados pelo poeta. Os resultados podem ser traduzidos em rearranjos evolutivos, acomodadores ou mesmo involutivos pessoais. Sua transliteração e difusão, repercutirá da mesma forma àqueles que o validem ou refutem. Podem auxiliar ou prejudicar seus leitores, levando-os da depressão a normalidade, quanto ao caminho inverso. Sobretudo seus autores têm a regulação estabilizadora homem/meio, possibilitando a convivência com os conflitos multi-reativos que os aflige. A poesia têm maior determinância redimensional e redirecional sobre seus criadores, a curtíssimo prazo, irradiando-se mais lentamente sobre os que a lêem.

Muitas são as razões inconscientes das produções poéticas. No entanto, traduzem dificuldades no trato prático com a realidade. Modificam-na primeiramente na expressão poética, construindo e ou evidenciando ideais, necessidades e verdades, latentes ao ser ou coletividade, à evolução humana e social.

A literoterapia expressa na variável poética tende ao existencialismo. Inicia com uma problematização fundada nas diversas ordens e segmentos constitutivos da vida. Pessoal e coletiva, debruçando-se sobre aspectos naturais, humanos e sociais. Logo, desenvolve-se em análises das complexidades inerentes ao problema original. Conquista o ponto final pela elucidação norteadora das posturas e conceitos sobre os quais se conduzirá o poeta.

Nem sempre as inferências supra, arrazoativas dos conflitos originais da problematização, são imediatamente seguidas e adotadas, comportamental e conceitualmente pelo poeta. Razão que o manterá na mesma linha de escrita. Somente até que se dissipem por completo as variáveis que os originam.
Quando os conflitos são de origem institucional, ocasionados por causas interpessoais próximas ou familiares, têm maiores possibilidades reversivas. Se institucionais relacionadas aos meios externos distantes, quanto mais abrangentes e à medida que se afastam, escola, trabalho, convenções sociais, autoritarismos policiais, leis, conflitos governamentais, condutas internacionais, guerras, catástrofes naturais, inversa ou diametralmente oposto se encontrará o fim das necessidades transliterativas. Independentemente se poéticas, compositorial, jornalística, científica ou literária.

Década de 90

Em meio à pluralidade de estilos e técnicas característicos da pós-modernidade, sobressaem algumas tendências comuns, é o caso dos romances que, inspirados no final do milênio, procuram analisar a história do país por meio de incursões ficcionais na história contemporânea. Também ressurge a temática memorialística, que, com base em lembranças pessoais, compõe certos painéis da história nacional.

As populações, ainda em números muito reduzidos, mas superiores as demais épocas, pela primeira vez conquistam um status até então só possível aos escritores. Com o avanço das tecnologias, um novo estágio da Literatura é observado, com face supra-acadêmica, abandonando os ditames de uma ordem imperativa ascendente, ganhando linearidade nas trocas entre os seres. Os e-mail’s, com anexos, levam e trazem diariamente bilhões de textos, produzidos por milhões de escritores, sejam estes jornalistas, poetas, literatos, ficcionistas, ou o escritor da Pós-Modernidade, de trocas dinâmicas interacionais e internacionais. Certamente encontramo-nos em um momento crítico da literatura mundial neste início do III Milênio da Humanidade. Pois a qualidade perde para a quantidade. Todavia, antes da qualidade, que diferencia um profissional, reconhecemos o direito conquistado por estas maiorias. De comunicação multi-abrangente e expressão livre das observações pessoais sobre o mundo. Maiores e mais velozes estas trocas, maiores se nos apresentam as possibilidades evolutivas humanas.

Década de 00

Com o advento cada vez mais sólido da globalização, sobretudo pelo aumento da necessidade de negócios e transações internacionais, o direito internacional provocado por acordos entre os Estados, atendendo ao chamado do comércio, começa a precipitar-se no Direito Interno, principiando o que chamaríamos de Grande Marco da Literatura Comercial Internacional, que passará a influenciar e ditar as normas Mundiais a partir dos interesses crescentes do Mercado Internacional. Pois os termos dos grandes contratos internacionais começam a ser reproduzidos, copiados e utilizados por todos os países.

Toda a cultura, e dentro desta significativa parte da literatura, abandonam a obrigatoriedade dos livros de papel, ganhando forma em apostilas (pela impressão de páginas da internet) em lugares múltiplos e indiscriminados no Mundo. Às ciências e as principais Organizações de Regulamentações e Normatizações das Técnicas Científicas e Metodológicas da Pesquisa, como a APA (internacional) e ABNT (no Brasil) influenciam decisivamente a transição entre o livro e o livro eletrônico, por validarem a fonte www como meio de pesquisa, normatizando tecnicamente as citações desta fonte.

Com o advento da globalização e a ferramenta internacional www, rompem-se as últimas barreiras e fronteiras da literatura. Sobretudo do ser que a produz e do que a lê.

Milhares de escritores até então apenas potenciais, sem condições de difundirem suas obras, ganham este direito nas páginas Mundiais www. Outros milhares que não tinham acesso a livros, em lan-houses, espalhadas pelo Mundo, a custos baixíssimos, passam a ler e informarem-se e formarem-se com maiores facilidades. Os pesquisadores se encontram com seus pares em todo o Mundo, dando significativos impulsos às teorias e teses, facilitadas a falseabilização, elos de embasamento e formação dos pressupostos às contribuições e inferências.

Em 2008 é disponibilizado o ensino fundamental e médio pelo sistema www. A formação técnica profissional, de graduação e pós-graduação, dá seu maior salto na história da educação. Milhares de estudantes invadem os sistemas www de formação, educação e pesquisa.

As comunicações interpessoais e entre grupos levam a literatura atual por e-mails em forma de anexos.

A organização dos diversos segmentos culturais e científicos, apoiados pelas Academias da Ordem de Platão, em uma perspectiva global de engajamento, rompe com os corporativismos e privilégios em honrarias à minorias, levando o incentivo do diploma e confraria aos escritores:

– todo ser que lança idéias, trabalha conceitos, critica e aperfeiçoa sistemas, defende ou combate ideais, hábitos e ações sociais, em colaboração à evolução humana, diverte, a informa ou a provoca, registra ou projeta eventos, aleatória ou sistemicamente, utilizando-se da escrita, com fim na comunicação social e difusão do seu pensamento, criações, observações e análises, inequivocamente, é um escritor.

O meio pelo qual um escritor se comunica, não o rotula, mais ou menos escritor.

A possibilidade da rápida produção e difusão literária, e instrumentos de organização de dados, pela primeira vez, aponta para um fim concreto da corrupção. Não há mais a possibilidade do desvio sem pistas. Também o crime organizado dá início ao seu declínio. Os olhos do universo, como o google herth, está em toda a rua, em todo lugar. Se em 2008 ainda não em tempo real, em 2010 ou… não haverá mais espaço onde esconder-se para fins ilícitos. A literatura, é base e instrumento à formação da opinião pública, não só a cultura poética, mas arma poderosa à formação da cultura política, lastro organizacional profissional, científico… Todos, dependentes da literatura ativa, comprometida, dinâmica e clínica de potencialidades a evolução social.

Toda a escrita, em todos os tempos, traduzem necessidades humanas de auto-realização. Toda a evolução social, de sistemas e estruturas, são resultantes de insatisfações – de buscas pessoais e coletivas socializantes, de inclusão e participação dos meios ativos e operantes, nos variados segmentos da estrutura administrativa e social. Só se fazem pela insatisfação, pela ampliação e apuração de valores. Todo escritor, é um pólo assimilador e tradutor das necessidades e insatisfações humanas.

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* Presidente Fundador do Conalb – Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil e ALB – 23 livros publicados e trinta em fase de revisão. Jornalista, Educador Físico e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica, Tecnologia Educacional e Psicossomatologia. Mestre em Psicanálise Clínica e Doutor em Psiconeurofisiologia. Estudante de Especialização em Controle da Gestão Pública/Ufsc e de Neurociências/Edumed/RJ. Estudante de Mestrado e Doutorado em Relações Internacionais/UAA. Professor de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho.

 

 

História da Escrita
História e Evolução das Ciências no Brasil